Powered By Blogger

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

20 ANOS, 3 GOVERNOS. UMA TRAGÉDIA EM 3 ATOS.- PARTE I - FHC

              FHC
Desde que Itamar Cautiero Franco entregou a faixa presidencial a Fernando Henrique Cardoso até os dias de hoje são decorridos quase 20 anos.

Nesses anos todos o Brasil viveu 2 fases distintas: nos primeiros 8 anos o país amadureceu, ganhou corpo.
Nos últimos 12 anos o país apodreceu, perdeu vigor.

Para analisarmos os últimos 19 anos da história da República temos que lembrar alguns fatos passados.

Itamar recebeu o país em frangalhos. Não bastassem os 5 anos desastrosos do governo Sarney e o desastre que foram os 2 anos do governo Collor de Mello, os 2 governos pautados  por inflação desenfreada, seus planos econômicos mirabolantes e corrupção em alta, avizinhava-se uma forte crise financeira mundial, e o Brasil, mergulhado numa inflação galopante iria ser pego em cheio.

Numa atitude de coragem Itamar jogou todas as suas fichas num plano econômico que respeitava contratos, e não prometia outro milagre que não fosse a Estabilização da Moeda. Criava-se o PLANO REAL.
Fernando Henrique, então ministro da fazenda, dirigiu a implantação do plano real com pulso firme e serenidade, sem estrelismo, uma das razões do sucesso do plano.
Esse sucesso pode ser sentido quase que de imediato; eleito presidente, a inflação, até então galopante e indomável, já estava em patamares aceitáveis.

Estadista e preparado, Fernando Henrique soube formar uma equipe econômica competente, e formar um ministério "pouco" sofrível, dentro do que o perverso sistema político brasileiro permite.
Outra atitude de estadista; sem se preocupar em marcar seu governo, não desfez as boas coisas de governos anteriores, e até as ampliou.

O governo Collor havia banido a famigerada "lei da informática" que deixava o consumidor brasileiro nas mãos dos cartéis nacionais, e abriu as importações de veículos. Nos 2 casos, a abertura se deu para produtos acabados e não previa a importação de tecnologia; FHC ampliou o alcance dessas medidas, permitindo a importação de tecnologia o que fez do Brasil avançar.

Com a inflação em queda, e com a melhora forçada do parque industrial brasileiro que começou a se preparar para enfrentar a concorrência externa, era preciso cuidar do sistema financeiro, que estava  acostumado com a indexação, a gorda teta que alimentava a inflação e propiciava lucros fabulosos aos banqueiros, e isso foi feito. Bancos competentes ficaram, os incompetentes quebraram. Sistemas de proteção e vigilância do sistema financeiro foram criados, e o sistema financeiro brasileiro ganhou credibilidade internacional.

O Estado brasileiro era pesado, oneroso e ineficiente, e, para o país avançar era preciso tirar o peso do Estado, o que foi feito debaixo de muitas críticas. Começavam as privatizações. Vale do Rio Doce, CSN e outros tantos cabides de emprego para apadrinhados políticos foram vendidos para a iniciativa privada, e com isso o Brasil se tornou competitivo, modernizou seu parque industrial e a economia se estabilizou.

Mas, nem tudo corre como a gente quer, e, a crise financeira mundial prevista ainda no governo Itamar se abateu sobre a economia brasileira, que ainda não estava totalmente preparada, e isso gerou um estrago de enormes proporções.
Primeiro o México e depois os países asiáticos quebraram arrastando a economia mundial, que ensaiava os primeiros passos rumo à globalização, na avalanche, e isso fez com que o Brasil tivesse que recorrer ao FMI para não quebrar também.

Os avanços do parque industrial e do sistema financeiro esbarraram em um outro entrave: as comunicações.
O sistema de comunicações brasileiro estava travado e o governo não tinha como investir na ampliação e modernização dele, e sem isso, tudo o que havia sido feito até então seria perdido, então, numa atitude corajosa FHC, magistralmente assessorado por outro Brasileiro com B maiúsculo, o Engenheiro Sérgio Motta, privatizou o sistema de comunicações e isso provocou convulsões na oposição, que ainda usa esse fato como propaganda eleitoreira, mas, não fosse isso, estaríamos pagando USD 2,000.00 (isso mesmo) 2 mil dólares por uma linha telefônica ou esperando 2, 3 e até 4 anos para conseguir uma.
Para os mais jovens, acostumados a trocar de celular 2 vezes por ano quase sem custo, e a ter neles internet rápida, é bom que saibam que uma linha telefônica era tão rara e cara que tinha que ser declarada no Imposto de Renda.

Para dar consistência a essas mudanças foram criadas as Agências Reguladoras, que tinham a função de administrar o cumprimento de contratos e dirimir dúvidas e conflitos.
Essas agências eram formadas por técnicos e davam segurança aos investidores e aos brasileiros.

Com uma situação de estabilidade, era chagada a hora de pensar no Social, e é aí que entra outra excepcional brasileira, Dona Ruth Cardoso.
Usando sua experiência de anos de estudos sociológicos sugeriu a criação de bolsas, mas com tempo determinado de duração, com parâmetros rígidos para a concessão e com investimento também na formação dos beneficiados, proporcionando-lhes uma "porta de saída".

Não há como se negar que erros e denuncias de corrupção existiram no Governo Fernando Henrique Cardoso. Dentre os erros vale destacar o descaso para com a iminente crise energética, e quando a mesma se fez sentir o contribuinte pagou uma conta pesada e sofreu com apagões.
Dentre os casos não explicados de corrupção o mais emblemático foi do Bancos Marca e Fonte/Cindan, que deram um prejuízo enorme ao país e envolveu o Presidente do Banco Central.

Entre erros e acertos, o balanço dos Governos FHC foi positivo por ter modernizado o país no diz respeito ao sistema financeiro, modernização do parque industrial, a retirada do peso do estado nas relações comerciais e sobretudo, pela modernização da telecomunicação.


Nesse clima, em 1º de Janeiro de 2003, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso entrega a faixa presidencial ao líder sindical Luís Inácio Lula da Silva.








Nenhum comentário:

Postar um comentário